domingo, 7 de marzo de 2010

Esgrafiada



Supe al verte que toda tu boca era de azul, de permeable sonrisa.
Supe que era claridad tras los visillos. Supe que tus ojos eran delfines.
Supe que te habían esgrafiado los pómulos. Tenías a tu derecha un pendiente al que le faltaba, una flor.
Supe que la luz en tu rostro era permanente.
Nunca más cortinas oscuras.
¿Estar tendida de ti sería pedir mucho?



Por Um Acaso
Camané
Composição: Aldina Duarte

Entendi que era verdade
Toda aquela claridade
A entrar pela janela
Vi teus olhos a brilhar
Duma cor que vem do mar
E de todas a mais bela


Foi o encanto desse olhar
Que me fez acreditar
Na repentina verdade
Corri para porta da rua
E a vontade nua e crua
Era agora realidade


Eu por ti então tirei
As cortinas que fechei
Noutro tempo que vivi
Entre crenças nublosas
Tuas súplicas teimosas
Me juntaram mais a ti


Lembro esse dia distante
Em que só por um instante
Esqueci a cortina aberta
Afinal um esquecimento
Revelou num só momento
Toda a luz da descoberta